quinta-feira, 26 de março de 2009

Si es cuestión de confesar...

Se vamos começar aqui, é bom que algumas estejam mais ou menos claras. Primeiro, eu não sou uma grande amiga de Descartes. Pra falar a verdade, nem conheço o cara direito. Talvez (ou principalmente) porque não sou tão esperta quanto ele. O cara cria uma dúvida hiperbólica e sai dela com algumas conclusões (verdades, para os fãs) "certas e indubitáveis". Já começa sabendo que existe. No meu caso, criaram a porra da dúvida e eu afundo cada vez mais nela.

A segunda coisa a declarar de antemão é a minha admiração, respeito e quase completa adoração à antítese e ao paradoxo. O "mas" e o "também" são palavrinhas muito queridas por mim. Por exemplo, eu não gosto de Descartes mas ele é foda. Ou, Descartes é um idiota e também um gênio. 

A terceira e última revelação da noite é o que muitos colocariam em primeiro lugar: eu sou uma fêmea. Claro, não é por mérito ou desmérito meu, é simplesmente algo que é. E como algo que é, traz em si características intrínsecas que devem ser observadas. A principal delas, na avaliação do momento, é que eu tenho hormônios. Ou melhor, fluxos mutáveis e insanos de hormônios. Hormônios tão poderosos que não raramente conseguem contaminar o próprio ato de pensar. A dicotomia pensar-sentir torna-se passível de identificação apenas a posteriori.

E o que tudo isso significa? Significa que, às vezes, não saber das coisas, seja dos grandes mistérios metafísicos ou das mais insignificantes coisas, dói em mim fisicamente, traz consigo uma tristeza inconcebível, uma solidão irreparável, uma incompreensão imensurável. Mas no dia seguinte passa. Ou não.


Ao som mental de Inevitable (Shakira)
"Si es cuestión de confesar, no sé preparar café, y no entiendo de fútbol. Creo que alguna vez fuí infiel, juego mal hasta el parqués y jamás uso reloj. Y para ser más franca nadie piensa en ti como lo hago yo, aunque te dé lo mismo. Si es cuestión de confesar, nunca duermo antes de diez ni me baño a los domingos. La verdad es que también lloro una vez al mes, sobre todo cuando hay frío.  Conmigo nada es fácil, ya debes saber, me conoces bien, y sin ti todo es tan aburrido. El cielo está cansado ya de ver la lluvia caer y cada día que pasa es uno más parecido a ayer. No encuentro forma a alguna de olvidarte porque seguir amándote es inevitable. Siempre supe que es mejor cuando hay que hablar de dos empezar por uno mismo. Ya sabrás la situación: aquí todo está peor pero al menos aún respiro. No no tienes que decirlo, no vas a volver, te conozco bien. Ya buscaré qué hacer conmigo. Siempre supe que es mejor cuando hay que hablar de dos empezar por uno mismo."
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