quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sonhos

Ah, os sonhos. E quando a gente sabe que é a hora de parar?

A resposta certa é, ou deveria ser, nunca. Se sonhos são sonhos, nunca é a hora de parar, mas, acredito, sempre deve haver a pergunta. Ou não.

Não sei. Eu falo no abstrato, coletivo, mas estou mesmo é falando do concreto, do individual. Não adianta mentir e tentar ser tão medíocre quantos os outros: eu nada sei sobre OS sonhos. Eu só sei sobre o meu sonho. E o meu sonho é ser médica.

Eu sonho em ser médica desde, sei lá, desde que eu descobri que era isso que eu realmente queria depois de querer ser tantas outras coisas. Isso foi há mais ou menos uns 8 ou 10 anos atrás. Eu sonho em ser médica porque não vejo outra profissão que nos impede de se acomodar, que é sempre desafio e que transforma o mundo num lugar melhor. Vejo na medicina um dos poucos trabalhos em que se pode fazer o bem remuneradamente sem se sentir mal por isso. Ser médica preenche tantas aspirações do meu ser, que qualquer outra profissão, aos meus olhos parecem a roupa errada pra mim. Porque eu acredito no bem, acredito na arte e acredito na ciência. Que mais me traria o pacote completo assim?

O problema, e problema não é a palavra certa, é que eu gosto tanto de tantas outras coisas! Ah, como eu gosto de filosofia, história, cinema, tecnologia da informação. Eu AMO informação. Informação e informática. Processamento de dados, planilhas, tabelas, administração. Tenho um prazer quase sexual em identificar o cerne da questão e me ater a ele. Se a discussão é sobre o aspecto x do conceito de liberdade, eu tenho vontade de esmagar a cabeça de quem quer falar sobre religião no meio do caminho. Eu gosto de estudar, ouvir, aprender, desaprender, sentir e racionalizar a beleza. E, claro, eu também gosto muito, muito mesmo, de química e biologia. Adoro entender como funciona este ou aquele gen, como a doença x se apodera do organismo, qual o efeito desta ou daquele substância. Eu gosto de ambas as coisas, e tenho consciência de que se pareço ter mais fervor quando falo de TI e filosofia, é pelo simples fato de que estudei mais tais áreas e, por isso mesmo, navego um pouco menos desconfortavelmente por elas.

E por que eu pergunto sobre sonhos e sobre a hora de parar? Por que eu desanimo. Eu desanimo ao perceber que a pequena ponte que me leva à estrada que conduz à profissão de médico exige de mim tão pouco perto do que terei que dar, e mesmo assim, eu não avanço. Desanimo porque me sinto velha, porque percebo que isso é tão necessário quanto não tem necessidade nenhuma, porque não me vejo progredir, porque me sinto capaz de tantas outras coisas grandes e incapaz para algo tão pequeno como sentar e estudar algo que não se quer, mas se precisa.

Não sei. O post de hoje não é um texto como deveria ser (à imagem dos 56 dias já passados em 2010). Não tem a estrutura que se espera. Este post nada mais é um desabafo. Porque eu penso em tudo que eu poderia ser, fingindo não entender porque eu ainda não sou. E porque eu percebo que tenho uma certa inveja do que eu fui e da promessa que eu sou.

Inveja e saudade.
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