segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Do fim ao ponto final

A gente sabe que acabou quando um dia percebe que faz tanto tempo que.
Fazer no sentido de se permitir ser autêntico e fazer o que gosta de fazer.
Tanto tempo, como mais de um ano e oito meses.
Que não escreve, não desabafa, não corre, não ri, não canta, não dança.
Mas parece que falta um ponto final.
Porque não importa o quanto a gente cresceu, algumas coisa não mudaram.
(Ou foram superadas, depende de que corrente psicológica se pertence)
A gente ainda fala da gente no plural e na terceira pessoa.
A gente ainda precisa explicar porque começa, declarar o começo.
E a gente ainda precisa aceitar quando termina e estabelecer o ponto final.


Ainda que o fim seja apenas uma forma de começar de novo. Um outro tempo, um outro lugar. O novo, de novo. Porque ainda é assim que a gente se embriaga.

Entre 2 e 3 anos, o tempo que meu coração cigano aguenta. Entre 1 e 2 anos, o tempo que meu ser meio nô made precisa pra descansar. Valeu a pena cada palavra. Sempre valerá.

Esse blog terminou em 07 de fevereiro de 2011 com a minha quote preferida de Meredith Gray. E acaba aqui como a deixa para uma nova era, o piloto da minha própria jornada.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Grow Up

Porque faz muito tempo que eu não publico nada, tenho um milhão de textos na minha cabeça mas estou com preguiça de escrever, e preciso de um lugar para guardar minha quote preferida da Meredith Grey. Melhor que isso, só o "choose me, love me, pick me", mas eu (ainda) não estou num contexto que caiba isso...

1x05 - Shake Your Groove Thing

"Lembra de quando você era pequeno e sua maior preocupação era, tipo, se você ia ganhar uma bicicleta de aniversário ou se ia ter biscoito no café da manhã? Ser adulto? Total superestimado! É sério, não se engane por aqueles lindos sapatos, ótimo sexo e a falta dos seus pais te dizendo o que fazer. Ser adulto significa ser responsável. Responsabilidade é realmente uma merda. De verdade mesmo. Adultos têm que estar em certos locais e têm que ganhar a vida para pagar o aluguel. E se você estiver treinando para ser cirurgião, pra segurar um coração humano nas mãos, hein? Isso que é responsabilidade. Meio que faz bicicletas e biscoitos parecem bom demais, né? A parte mais assustadora da responsabilidade? Quando você fode tudo e a deixa escorrer por entre seus dedos..."

[...]

"Responsabilidade é realmente uma merda. Infelizmente, uma vez que você passa da fase dos aparelhos e do primeiro sutiã, a responsabilidade não vai embora. Ou alguém nos força a encará-la ou então sofremos com as conseqüências. E, ainda assim, ser adulto tem seus pontos altos. E eu falo dos sapatos, do sexo e da falta dos seus pais te dizendo o que fazer. Isso é muito, muito bom!"

"Meredith: [voiceover] Remember when you were a kid and your biggest worry was, like, if you'd get a bike for your birthday or if you'd get to eat cookies for breakfast? Being an adult? Totally overrated. I mean seriously, don't be fooled by all the hot shoes and the great sex and the no parents anywhere telling you what to do. Adulthood is responsibility. Responsibility, it really does suck. Really, really sucks. Adults have to be places and do things and earn a living and pay the rent. And if you're training to be a surgeon, holding a human heart in your hands, hello? Talk about responsibility. Kind of makes bikes and cookies look really, really good, doesn't it? The scariest part about responsibility? When you screw up and let it slip right through your fingers.

[...]
Meredith: [voiceover] Responsibility, it really does suck. Unfortunately, once you get past the age of braces and training bras, responsibility doesn't go away. It can't be avoided. Either someone makes us face it or we suffer the consequences. And still adulthood has it perks. I mean the shoes, the sex, the no parents anywhere telling you what to do. That's, pretty damn good."

(Créditos para a Comunidade "Frases de Meredith Grey" - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=25871919)

sábado, 13 de novembro de 2010

7x02 - Superfreak

Eu não sei se posso ser feliz sendo uma encanadora.


I´m lost. Porque eu não sei mais quem ou como eu sou, pra onde eu tô indo, como e se estou fazendo a coisa certa. Eu não sei, simplesmente não sei e estou assustadoramente sozinha nisso. Não há um nome para o formulário. Nobody is my person.

Eu não sou o que eu sou paga para fazer, para onde terei de voltar em quatro dias. Eu não sou uma policial, eu não sou uma mocinha de escritório. Não sou. E o problema não é a carreira, porque é a melhor que há na instituição, nem o lugar, que é confortável, nem minhas colegas de trabalho, que são ótimas. O problema sou eu. A verdade é que isso não me completa, não me desafia, não me faz crescer, não me faz nada, só me paga para fazer. Eu sinto muito e quase chego a lamentar que pague minhas contas, porque paga. Mas não lamento. Porque o trabalho não é ruim e se ainda estou lá é por incompetência, e mérito, meus.

Mas não é o que eu sou, sabe, quando me perguntam o que você é, ou quando na ficha tem que por a profissão, eu sempre, sempre, respondo, estudante. A resposta é sincera e evita uma ladainha desenfreada sobre como a pessoa acha que os bandidos devem morrer (sim, eu sou a favor dos direitos humanos, e não vou discutir isso), mas, por outro lado, traz consigo o medo de que a próxima pergunta seja "estudante do quê?".

Isto posto, há outra coisa que se considerar. Eu tenho 29 anos, e para algumas coisas a paciência está se esgotando. Há muito pouco para as coisas que eu não gosto, um pouco menos para as que eu não entendo e quase nada para o que eu acho idiota. Eu faria mais vinte vezes a faculdade de filosofia, estudaria até o fim dos meus dias química ou biologia, mas, quanto tempo mais eu aguento ver e rever toda a matéria do ensino médio? Quanto tempo mais eu tentarei entender figuras geométricas tridimensionais? Até quando eu vou conseguir sorrir, usar roupas que eu detesto, sapatos que não foram feitos para andar, arrumar o cabelo, e essas baboseiras sociais todas, sem surtar, sem sair por aí gritando feito louca?

Estou tão perto de perder tudo, tão perto que não posso arriscar a minha sanidade mental por ter forçado demais a barra. Por isso eu me dou três anos. Se em três anos eu não estiver lá, aterrorizada por fazer faculdade com as crianças do jardim da infância (porque elas estavam no jardim da infância quando eu estava no 2° grau), recebendo meu kit calouro e tendo o direito de sonhar com o juramento de Hipócrates, então eu desisto. Se em três anos eu não ganhar, então eu perdi. Pronto. Fracassei. É passar um ano chorando, bebendo, viajando o mundo a pé, ficando louca e depois voltar e ver o que pode ser feito. Eu terei então 34 anos e uma vida inteira de roupas policromáticas pela frente. Sempre existirão as séries médicas e os video-games para eu ser feliz, talvez eu supere, talvez não, mas a tortura de se ver outra vez imersa no colegial sem conseguir sair vai acabar. É uma dor a menos.

Não bastasse essa coisa da profissão, vez ou outra eu me pego pensando em outras coisas assustadoras. Eu tenho tendência ao vício, ao suicídio, à depressão e à loucura. E eu som alguém sozinha. Ninguém me entende. E quando eu digo que ninguém me entende, não é a só aquela sensação de vazio adolescente. Quando eu digo ninguém, eu quero dizer ninguém, nem eu mesma às vezes. As pessoas, me analisam, acham que encontram uma lógica e se sentem bem com isso. Sabe, a coisa do ela não tem mãe explica tudo. Os amigos, eles me acompanham, mas eu não sei, eu não sinto, que realmente me compreendam. Eu tenho a sensação de que para eles tudo bem eu ser assim, não faz sentido, mas tudo bem. A única pessoa que já me viu lá, naquela lugar escuro e frio, que praticamente salvou minha vida, já me disse que não me entende. Que me apóia, mas não me entende. Isso é lindo, verdade, mas dói. Dói, porque fazer o outro entender que está doendo, é confortante, mesmo que ele não possa fazer nada. Por isso existe o AA, para a pessoa se sentar e, por alguns minutos, ver que ela não está sozinha, que tem gente no mundo que entende o que ela está passando. Desde que eu me percebi viciada em dormir, para quantas mais pessoas eu conto, mais pessoas eu faço rir, mais gente existe pra me chamar de folgada e preguiçosa. Se eu dissesse que era viciada em drogas, ninguém me mandaria fumar um baseado antes do horário pra ver se na hora a vontade passa, mas quando eu digo que não consigo controlar quanto eu durmo, me mandam dormir mais cedo. Eu até entendo que ninguém me entenda, mas eu não entendo porque as pessoas não podem me levar a sério, por que elas não podem simplesmente dizer, nossa, tomara que vc encontre tratamento?

Quando você cai e machuca o joelho, ou corta o dedo, e sai muito sangue, ninguém ou quase ninguém diz que é coisa da sua cabeça, que é porque vc não encontrou a faca certa, ou porque vc faz questão de ser diferente do chão ou que, tá vendo, vc está sorrindo, no fundo você gosta de arrancar pedaços de si. As pessoas respeitam, porque elas sabem que aquilo dói e que elas não podem fazer nada a respeito. Quando tem uma festa, e eu tenho que comprar um vestido, ou colocar um salto, fazer o cabelo, ninguém entende meu desespero, porque eu sei o quanto vai doer, os outros não. E quanto eu chego na tal da festa, eu não encontro apoio em um rosto sequer, ninguém para estender um copo de água, para oferecer um band-aid, pra perguntar se eu quero ir para o hospital. Não, mas há uma legião de familiares, amigos e desconhecidos pra me dizer o quanto eu estou linda, que me faz bem se arrumar de vez em quando. Eu não queria sofrer assim, não mesmo, não queria querer morrer toda vez que alguém me convida para um casamento. Mas quem consegue evitar a dor quanto derruba algo grande e pesado em cima do dedão do pé? Eu estou dizendo coisas sem sentido. No fundo, o que eu queira saber é como eu vou deixar de ser sozinha, se algum dia eu farei parte de um casal, se alguém vai ser capaz de amar o alien psico-sociofóbico que eu sou. Não há nada de errado em querer não ser só eu a vida toda, né? Isso quase me faz normal, eu acho.

Voltando, o ponto é que eu estou com medo, aterrorizada. Eu não vou passar no vestibular este ano. Não vou. Ainda que todo mundo fique me dizendo que sim, eu não vou, até mesmo porque não seria justo com as outras pessoas. Não é pensamento negativo, é encarar a realidade, exercer o direito de chamar as coisas ruins pelos nomes feios que lhe dão. Não ter condições significa não ter condições. Eu devo uma puta grana porque paguei o cursinho a vista, eu escolhi o cursinho, o horário, eu tirei férias e, ainda assim, eu só assisti a uma única semana inteira de aulas. A primeira. Só. Depois houve motivos e desculpas e eu nunca mais consegui. A verdade é que eu me matriculei para poder ficar em casa sozinha, em paz. Não era pra ser essa grande mentira, mas virou. E não é verdade que se eu não consegui me dedicar é porque eu não quero mesmo fazer medicina. Não é verdade. Eu posso não saber o que eu quero, mas eu sei o que eu não quero, e a medicina não está na lista do que eu não quero. Pelo menos não por enquanto.

Tudo bem, eu não vou passar, ano que vem tá aí, a gente faz cursinho de novo, vamos para a turma da noite, vamos fazer do jeito que eu acho certo e não do jeito que todo mundo diz que tem que ser. Ok. Mas e se não der certo? E se eu não aguentar mais um ano fazendo coisas que eu não quero fazer, estudando coisas que não fazem sentido pra mim, sem ter uma única coisa que me faça feliz além da minha gata? E se meus gatos morrerem, ou ficarem doentes, o que vai me restar de meu, pra sorrir? Este ano não li uma página de filosofia, nem uma única página, e eu amo a filosofia. Não fiz uma única viagem, não tomei sol de biquini, não fiquei bêbada, e nas duas oportunidades que tive de relaxar eu só queria vomitar. E no que isso deu? Numa grande mentira. Num troféu colocado no meio de um labirinto. Um trófeu que é uma chave de portal e me leva direto para um cemitério cheio de fantasmas.

Não sei. Só sei que até escrever, que era a única coisa que eu sabia fazer direito, eu não sei mais. Agora escrevo textos longos, confusos, mal escritos e sem final.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

As novas ordens mundiais

Tá certo. Talvez você não esperasse ler isso aqui, afinal absolutamente não é essa a proposta do blog. Mas ocorre que estou com preguiça para encontrar a senha da sapo para publicar no La Perrita, bem como nunca me agradou de verdade essa história de que os blogs devem ter um tema e se ater a ele. De verdade mesmo acredito mesmo é que a inspiração não deve mais ser ignorada. Nem deve esperar.



O caso é que lendo a versão para vestibular da história antiga, do "oriente" à Grécia, cheguei à conclusão de que o movimento histórico parece apontar para unificações sucessivas, por meios diversos. Ainda que eu tenha consciência de que a história nada mais é do que uma organização do conhecimento dos acontecimentos de uma época, e de que tal organização não deixa de ser a ótica de quem (ou quens) a organiza, e por isso subjetiva, o movimento, intencional ou não, é para mim claro e surpreendente.

Partindo da pré-história, chega-se à história por uma agregação primária, união de indivíduos suficiente para constituir uma linguagem. Arriscaria dizer que a primeira, senão única, por meios não dolorosos (pacífico é um conceito meio vago demais). Dos bandos às famílias, das famílias às tribos, das tribos às cidades, das cidades aos povos, o processo é gregário, ainda que nem sempre voluntário ou intencional, mas que parece se mostrar praticamente necessário.

(Pausa para rir e pensar que preciso pensar mais sobre o signifcado lógico de "quase necessário". Ok.)

A história é a história dos vencedores, diz o clichê. Desta ótica, o resultado de toda guerra é sempre mais. Ou mais pessoas, ou mais terras, ou mais dinheiro ou mais seja lá o quê. Os derrotados, até que venham a ganhar alguma guerra, tendem a desaparecer. A tribo 1, ao ganhar da tribo 2, passa a ser a grande tribo 1, e a tribo 2, também a grande tribo 1.

Veja bem, não estou - de forma alguma - defendendo a guerra, estou apenas pensando sobre ela. E se falo hoje sobre guerra é porque acabei de estudar história antiga. Quando chegar à Revolução Industrial, poderei falar de coisas muito mais violentas e dolorosas como políticas econômicas. por exemplo.

Então, o movimento que se me desenhou antes do meu ingresso na Roma Antiga foi o caminho para a construção da civilização helenística e, por consequência, do grande imaginário mitológico que até hoje impera na civilização ocidental. Do Paleolítico ao Neolítico, o homem é majoritariamente indivíduo, ainda se adequando ao planeta, ainda buscando ferramentas, ainda sem tempo de se pensar. No Neolítico, ao passar de predador a produtor, ao sedentarizar-se e assistir o aumento exponencial da população humana, cresce o grau de interdependência entre os homens, aparece então as primeiras agregações regionais. Famílias, grupos, tribos. E então comércio, disputa, alianças. Nasce a civilização.

Civilização essa estruturada em pequenos povos ao longo dos férteis dos rios, com a "chegada" dos metais passará a embarcar num movimento - contínuo até hoje - aparentemente pendular até tornar-se um só grande povo. Não falarei do Egito porque me parece uma civilização que acendeu, ascendeu e apagou-se. Havia o Egito, e não houve mais. Mas se se quiser insistir, podemos ver o Egito surgir nas margens do Nilo, ir agregando povos, religiões e culturas, crescendo e alcançando o apogeu e permanecendo agregada pela proteção do deserto contra os invasores externos e pela religião politeísta regionalizada contra irremediáveis dissidências internar. Até quando foi possível, claro.

Mas comecemos da Mesopotamia. Também nascida na bacia de grandes e importantes rios, aliás, por isso mesmo, tem seu próprio povo formado por um constante invadir e agregar de povos. Começando pelos sumérios em cerca de 3.000 a.C que fundaram as principais cidades-estado e foram os responsáveis pelas bases da cultura mesopotâmica, estes viram os acadianos, povos semitas, instalarem-se ao norte, e foram, posteriormente, subjugados por eles. Os acadianos, por sua vez, fundaram o Primeiro Império Babilônico (1900a.C), que com Hamurabi, colocou sob seu domínio toda a Mesopotâmia e ficou assim por dois séculos até que os cassitas, vindos do leste, chegaram e acabaram com a festa. Dá pra ver o movimento de pequenas tribos se agregando, cidades se formando e novos povos juntando-se aos primeiros, criando, com o passar dos séculos, comunidades cada vez maiores?

Muita coisa aconteceu ainda na história da Mesopotâmia. De cassitas para assírios, de assírios para medas, caldeus e babilônicos, até que os persas colocaram fim ao Império NeoBabilônico, ou simplesmente Império Babilônico (o famosão, que teve Nabudoconosor II como o rei foda da história), e a Mesopotâmia deixou de ser a Mesopotâmia para ser parte do Império Persa. Viu?! Fantástico não?

Deixemos os persas de lado. A hora deles vai chegar com o Alexandre. Pensemos na Grécia. A Grécia de início não era (se é que nunca foi) uma coisa só, tipo Brasil. Não. Apesar de sua parte continental, tinha uma importante parte insular e não menos importantes colônias espalhadas pelo Mediterrâneo (o mar), Egeu, Negro, Peninsula Itálica e até o norte da África. Pois bem, os caras vão se juntando em volta das acrópoles, formando com os demos (não é o diabo, são as famílias em torno da acrópole) as pólis, que inicialmente independentes, pela história vão tendo suas hegemonias alternadas e, consequentemente, suas composições diferente e progressivamente agregadas.

De um lado a Liga de Delos juntou o pessoal em volta de Atenas, de outro, a do Peloponeso, o pessoal perto de Esparta. E se a guerra (que Esparta ganhou) por um lado enfraqueceu fatalmente a Grécia, por outro, a formou. E esse enfraquecimento facilitou o trabalho do Filipe II, pai do Alê, que por sua vez, viria a se tornar Alexandre Magno, REUNINDO no seu Império Grécia, Pérsia, Mesopotâmia, Fenícia, Egito e até uma parte da Índia. Fenomenal!!!!

Verdade que o Império Alexandrino foi desmembrado após a sua morte. Mas mesmo esse desmembramento representou uma partição dentro de uma união. Partição essa que, muito provavelmente, foi totalmente diferente do que seria se tais reinos, povos e impérios não tivessem jamais sido unidos. E a principal união, o verdadeiro Império - a cultura helenística - nunca mais deixou de existir, sendo continuada pelos romanos.

E foi pensando nesse movimento de união-separação-união ocorridos pela história, no mais das vezes pela força assustadora da guerra que eu acabei por pensar que, de fato, se aproxima uma nova ordem mundial também pela violência. Porque a estrutura social não se modificou tanto assim, ainda há os de cima, os do meio e os de baixo. E porque nenhuma outra forma de agregar parece ter sido aprendida.

Será a violência econômica, a intolerância religiosa e, nosso toque de modernidade, as catástrofes "naturais" que darão o tom da nova agregação mundial, da nova civilização que irá surgir quando centenas de ilhas sumirem no oceano e centenas de países decretarem absoluto estado de falência. E o desafio, se não inédito, quase, será o de gerir essa agregação absolutamente involuntária de ambas as partes...

domingo, 15 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Sim, leitores e amigos, desesperem-se, voltei a tomar chá com a Meredith e a me chamar, quando a sós comigo mesma, de Yang. Grey´s Anatomy is back!!! E para mostrar que não é so o Seatle Grace que me faz chorona e melancólica, segue um texto que escrevi no metrô no Dia dos Pais...


Não, eu não sou de câncer. Mas sim, hoje a familia é para mim a coisa mais preciosa, delicada e importante. Sim, ainda que eu nunca admita, mais importante que tudo. Por nada eu trocaria a tarde que tive hoje, dinheiro nenhum. Talvez pels amigos, mas aí seria seis por meia duzia.

Nunca fui - ou me permiti ser - uma pessoa emotiva. Há algo de suspeito e perigoso nas pessoas declaradamente emotivas. Isso sem falar que a euforia e a ansiedade já fazem de mim um desastroso perigo. Ainda assim, a cada natal, jogo da copa do mundo, dia dos pais ou qualquer outra desculpa para nos reunirmos e conversarmos por uma tarde inteira, volto para casa afogada em lágrimas. E a parte masoquista de mim que insiste em mostrar a fragilidade de todo esse equilibrio, as transforma em mar bravio, quase inavegável.

Não pesa sempre, ainda que muito, tudo o mais que me é escasso. Faz falta o grande amor, o melhor amigo, a profissão, o dinheiro, a religião, a filosofia. E se minto ao dizer que a familia substitui ou compensa, nao falta verdade em afirmar que aplaca, acalma, encoraja, torna possivel um amanhã com todas essas coisas presentes. Torna plausível a luta, torna possível o sonho.

E há mais, muito mais. E o que mais há é o que falta dizer, o que falta coragem para fazer. Falta articular as palavras, dizer o quanto eu amo cada um, o quanto eu me preocupo, o quanto eu queria poder fazer mais. Mas, pensando bem agora, talvez seja uma falta que não faz tanta falta assim. Porque este é o tipo de verdade que, se não se diz, também não resta dúvida que assim o é. Se eu calo, meus atos falam. E se não os entendem, também não há o que deles questionar.

Eu só peço que se permaneça assim, que das rachaduras na represa não brote nada além de samambaias...

sábado, 14 de agosto de 2010

Rumo nexo incerto desconexo



Eu sei que eu sou capaz. Não cabe aqui modéstia. Sei que posso ser muito boa em qualquer coisa que eu quiser ser e gostar de fazer. Sei que posso fazer textos incríveis, tenho potencial para a ciência e uma incrível atração para as artes. Todos os testes vocacionais que fiz, nenhum me apontou um caminho. As letras, os números, as tintas, tudo me encanta, tudo eu sorveria aos baldes e continuaria sedenta.

Tanta coisa e me bastaria escolher uma, dedicar-me e deixar a coisa ir. E esse é o ponto. Eu quero tanta coisa, tanta, que às vezes sufoca. E eu sou tão boa em fugir e me sabotar, mas tão boa que quase sempre irrita.

Confesso que ando meio perdida, com medo de coisas que eu nem sei o quê. E penso, penso, como eu gosto de pensar. E penso que a coisa que eu mais gosto de fazer na vida é aprender, como eu gosto de aprender. E como eu destesto estudar! Puta que o pariu! Tem coisa mais irritante do que ficar ali lendo uma coisa que vc já leu?

Pois é nessa pedra que meu burro tá empacado: para entrar nessa segunda piscina cheia de conhecimentos novos e infinitos, eu tenho que saber mergulhar e nadar muito bem na primeira, com seus conceitos mal lembrados e intermináveis listas de exercícios. E eu não quero mais dar braçadas ali por mais que eu queira chegar lá.

Então eu fujo. E essa fuga já me custou dez anos, oito meses e treze dias. Talvez seja a hora de parar e enfrentar esta pequena piscina de bolinhas.


PS: Esse post - inspirado no meu antigo blog que agora é só da Globo - era pra ser sobre as poesias que escrevi, como eu gosto de escrever e como é importante a gente conseguir fazer as coisas que a gente gosta e se propõe a fazer. Era pra ser um lindo post sobre continuidade, qualidade e comprometimento. Mas virou isso, algo sem rumo, sem nexo, incerto e desconexo. Virou algo tipo eu.

PS2: Eu tenho pavor de piscina de bolinhas.

sábado, 22 de maio de 2010

Então eu penso que entendo Nietzsche...



Sabe, às vezes eu sou, às vezes eu posso ser, capaz de ser infinitamente pequena e mundana (no sentido mundo do termo).

Tipo hoje. É sábado. E eu tô aqui em casa, controlando a respiração pra não faltar o ar, me sentindo o ser mais fraco e patético do universo, tipo aqueles insetinhos verdes que morrem quando a gente tenta leva-los para um lugar seguro. Eu me sinto pequena.

E nessa pequenez, eu, quase sem motivo, fico vendo as fotos de uns amigos meus de muito, ou nem tanto, tempo atrás. As pessoas da minha idade casam, têm filhos, têm profissões em que se encontram, profissões que se lhe parecem bastar, viajam, namoram, seguem em frente como se a vida fizesse sentido assim mesmo. Algumas parecem capazes de coisas grandiosas como o de usarem o verbo querer ou sonhar no passado. Outras lutavam enquanto eu descansava e agora marcham em frente a bradar contentes que a luta nunca termina.

Eu faço cursinho pré-vestibular e perco algumas piadas atualizadas para a "próxima" geração.

Sinto-me a cigarra que, 11 verões depois, resolveu trabalhar para poder cantar no inverno. 11 verões, são tambem 11 invernos, 11 outonos, 11 primaveras.

E hoje, e só hoje, eu penso que eu só queria querer menos.

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