terça-feira, 17 de agosto de 2010

As novas ordens mundiais

Tá certo. Talvez você não esperasse ler isso aqui, afinal absolutamente não é essa a proposta do blog. Mas ocorre que estou com preguiça para encontrar a senha da sapo para publicar no La Perrita, bem como nunca me agradou de verdade essa história de que os blogs devem ter um tema e se ater a ele. De verdade mesmo acredito mesmo é que a inspiração não deve mais ser ignorada. Nem deve esperar.



O caso é que lendo a versão para vestibular da história antiga, do "oriente" à Grécia, cheguei à conclusão de que o movimento histórico parece apontar para unificações sucessivas, por meios diversos. Ainda que eu tenha consciência de que a história nada mais é do que uma organização do conhecimento dos acontecimentos de uma época, e de que tal organização não deixa de ser a ótica de quem (ou quens) a organiza, e por isso subjetiva, o movimento, intencional ou não, é para mim claro e surpreendente.

Partindo da pré-história, chega-se à história por uma agregação primária, união de indivíduos suficiente para constituir uma linguagem. Arriscaria dizer que a primeira, senão única, por meios não dolorosos (pacífico é um conceito meio vago demais). Dos bandos às famílias, das famílias às tribos, das tribos às cidades, das cidades aos povos, o processo é gregário, ainda que nem sempre voluntário ou intencional, mas que parece se mostrar praticamente necessário.

(Pausa para rir e pensar que preciso pensar mais sobre o signifcado lógico de "quase necessário". Ok.)

A história é a história dos vencedores, diz o clichê. Desta ótica, o resultado de toda guerra é sempre mais. Ou mais pessoas, ou mais terras, ou mais dinheiro ou mais seja lá o quê. Os derrotados, até que venham a ganhar alguma guerra, tendem a desaparecer. A tribo 1, ao ganhar da tribo 2, passa a ser a grande tribo 1, e a tribo 2, também a grande tribo 1.

Veja bem, não estou - de forma alguma - defendendo a guerra, estou apenas pensando sobre ela. E se falo hoje sobre guerra é porque acabei de estudar história antiga. Quando chegar à Revolução Industrial, poderei falar de coisas muito mais violentas e dolorosas como políticas econômicas. por exemplo.

Então, o movimento que se me desenhou antes do meu ingresso na Roma Antiga foi o caminho para a construção da civilização helenística e, por consequência, do grande imaginário mitológico que até hoje impera na civilização ocidental. Do Paleolítico ao Neolítico, o homem é majoritariamente indivíduo, ainda se adequando ao planeta, ainda buscando ferramentas, ainda sem tempo de se pensar. No Neolítico, ao passar de predador a produtor, ao sedentarizar-se e assistir o aumento exponencial da população humana, cresce o grau de interdependência entre os homens, aparece então as primeiras agregações regionais. Famílias, grupos, tribos. E então comércio, disputa, alianças. Nasce a civilização.

Civilização essa estruturada em pequenos povos ao longo dos férteis dos rios, com a "chegada" dos metais passará a embarcar num movimento - contínuo até hoje - aparentemente pendular até tornar-se um só grande povo. Não falarei do Egito porque me parece uma civilização que acendeu, ascendeu e apagou-se. Havia o Egito, e não houve mais. Mas se se quiser insistir, podemos ver o Egito surgir nas margens do Nilo, ir agregando povos, religiões e culturas, crescendo e alcançando o apogeu e permanecendo agregada pela proteção do deserto contra os invasores externos e pela religião politeísta regionalizada contra irremediáveis dissidências internar. Até quando foi possível, claro.

Mas comecemos da Mesopotamia. Também nascida na bacia de grandes e importantes rios, aliás, por isso mesmo, tem seu próprio povo formado por um constante invadir e agregar de povos. Começando pelos sumérios em cerca de 3.000 a.C que fundaram as principais cidades-estado e foram os responsáveis pelas bases da cultura mesopotâmica, estes viram os acadianos, povos semitas, instalarem-se ao norte, e foram, posteriormente, subjugados por eles. Os acadianos, por sua vez, fundaram o Primeiro Império Babilônico (1900a.C), que com Hamurabi, colocou sob seu domínio toda a Mesopotâmia e ficou assim por dois séculos até que os cassitas, vindos do leste, chegaram e acabaram com a festa. Dá pra ver o movimento de pequenas tribos se agregando, cidades se formando e novos povos juntando-se aos primeiros, criando, com o passar dos séculos, comunidades cada vez maiores?

Muita coisa aconteceu ainda na história da Mesopotâmia. De cassitas para assírios, de assírios para medas, caldeus e babilônicos, até que os persas colocaram fim ao Império NeoBabilônico, ou simplesmente Império Babilônico (o famosão, que teve Nabudoconosor II como o rei foda da história), e a Mesopotâmia deixou de ser a Mesopotâmia para ser parte do Império Persa. Viu?! Fantástico não?

Deixemos os persas de lado. A hora deles vai chegar com o Alexandre. Pensemos na Grécia. A Grécia de início não era (se é que nunca foi) uma coisa só, tipo Brasil. Não. Apesar de sua parte continental, tinha uma importante parte insular e não menos importantes colônias espalhadas pelo Mediterrâneo (o mar), Egeu, Negro, Peninsula Itálica e até o norte da África. Pois bem, os caras vão se juntando em volta das acrópoles, formando com os demos (não é o diabo, são as famílias em torno da acrópole) as pólis, que inicialmente independentes, pela história vão tendo suas hegemonias alternadas e, consequentemente, suas composições diferente e progressivamente agregadas.

De um lado a Liga de Delos juntou o pessoal em volta de Atenas, de outro, a do Peloponeso, o pessoal perto de Esparta. E se a guerra (que Esparta ganhou) por um lado enfraqueceu fatalmente a Grécia, por outro, a formou. E esse enfraquecimento facilitou o trabalho do Filipe II, pai do Alê, que por sua vez, viria a se tornar Alexandre Magno, REUNINDO no seu Império Grécia, Pérsia, Mesopotâmia, Fenícia, Egito e até uma parte da Índia. Fenomenal!!!!

Verdade que o Império Alexandrino foi desmembrado após a sua morte. Mas mesmo esse desmembramento representou uma partição dentro de uma união. Partição essa que, muito provavelmente, foi totalmente diferente do que seria se tais reinos, povos e impérios não tivessem jamais sido unidos. E a principal união, o verdadeiro Império - a cultura helenística - nunca mais deixou de existir, sendo continuada pelos romanos.

E foi pensando nesse movimento de união-separação-união ocorridos pela história, no mais das vezes pela força assustadora da guerra que eu acabei por pensar que, de fato, se aproxima uma nova ordem mundial também pela violência. Porque a estrutura social não se modificou tanto assim, ainda há os de cima, os do meio e os de baixo. E porque nenhuma outra forma de agregar parece ter sido aprendida.

Será a violência econômica, a intolerância religiosa e, nosso toque de modernidade, as catástrofes "naturais" que darão o tom da nova agregação mundial, da nova civilização que irá surgir quando centenas de ilhas sumirem no oceano e centenas de países decretarem absoluto estado de falência. E o desafio, se não inédito, quase, será o de gerir essa agregação absolutamente involuntária de ambas as partes...

domingo, 15 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Sim, leitores e amigos, desesperem-se, voltei a tomar chá com a Meredith e a me chamar, quando a sós comigo mesma, de Yang. Grey´s Anatomy is back!!! E para mostrar que não é so o Seatle Grace que me faz chorona e melancólica, segue um texto que escrevi no metrô no Dia dos Pais...


Não, eu não sou de câncer. Mas sim, hoje a familia é para mim a coisa mais preciosa, delicada e importante. Sim, ainda que eu nunca admita, mais importante que tudo. Por nada eu trocaria a tarde que tive hoje, dinheiro nenhum. Talvez pels amigos, mas aí seria seis por meia duzia.

Nunca fui - ou me permiti ser - uma pessoa emotiva. Há algo de suspeito e perigoso nas pessoas declaradamente emotivas. Isso sem falar que a euforia e a ansiedade já fazem de mim um desastroso perigo. Ainda assim, a cada natal, jogo da copa do mundo, dia dos pais ou qualquer outra desculpa para nos reunirmos e conversarmos por uma tarde inteira, volto para casa afogada em lágrimas. E a parte masoquista de mim que insiste em mostrar a fragilidade de todo esse equilibrio, as transforma em mar bravio, quase inavegável.

Não pesa sempre, ainda que muito, tudo o mais que me é escasso. Faz falta o grande amor, o melhor amigo, a profissão, o dinheiro, a religião, a filosofia. E se minto ao dizer que a familia substitui ou compensa, nao falta verdade em afirmar que aplaca, acalma, encoraja, torna possivel um amanhã com todas essas coisas presentes. Torna plausível a luta, torna possível o sonho.

E há mais, muito mais. E o que mais há é o que falta dizer, o que falta coragem para fazer. Falta articular as palavras, dizer o quanto eu amo cada um, o quanto eu me preocupo, o quanto eu queria poder fazer mais. Mas, pensando bem agora, talvez seja uma falta que não faz tanta falta assim. Porque este é o tipo de verdade que, se não se diz, também não resta dúvida que assim o é. Se eu calo, meus atos falam. E se não os entendem, também não há o que deles questionar.

Eu só peço que se permaneça assim, que das rachaduras na represa não brote nada além de samambaias...

sábado, 14 de agosto de 2010

Rumo nexo incerto desconexo



Eu sei que eu sou capaz. Não cabe aqui modéstia. Sei que posso ser muito boa em qualquer coisa que eu quiser ser e gostar de fazer. Sei que posso fazer textos incríveis, tenho potencial para a ciência e uma incrível atração para as artes. Todos os testes vocacionais que fiz, nenhum me apontou um caminho. As letras, os números, as tintas, tudo me encanta, tudo eu sorveria aos baldes e continuaria sedenta.

Tanta coisa e me bastaria escolher uma, dedicar-me e deixar a coisa ir. E esse é o ponto. Eu quero tanta coisa, tanta, que às vezes sufoca. E eu sou tão boa em fugir e me sabotar, mas tão boa que quase sempre irrita.

Confesso que ando meio perdida, com medo de coisas que eu nem sei o quê. E penso, penso, como eu gosto de pensar. E penso que a coisa que eu mais gosto de fazer na vida é aprender, como eu gosto de aprender. E como eu destesto estudar! Puta que o pariu! Tem coisa mais irritante do que ficar ali lendo uma coisa que vc já leu?

Pois é nessa pedra que meu burro tá empacado: para entrar nessa segunda piscina cheia de conhecimentos novos e infinitos, eu tenho que saber mergulhar e nadar muito bem na primeira, com seus conceitos mal lembrados e intermináveis listas de exercícios. E eu não quero mais dar braçadas ali por mais que eu queira chegar lá.

Então eu fujo. E essa fuga já me custou dez anos, oito meses e treze dias. Talvez seja a hora de parar e enfrentar esta pequena piscina de bolinhas.


PS: Esse post - inspirado no meu antigo blog que agora é só da Globo - era pra ser sobre as poesias que escrevi, como eu gosto de escrever e como é importante a gente conseguir fazer as coisas que a gente gosta e se propõe a fazer. Era pra ser um lindo post sobre continuidade, qualidade e comprometimento. Mas virou isso, algo sem rumo, sem nexo, incerto e desconexo. Virou algo tipo eu.

PS2: Eu tenho pavor de piscina de bolinhas.
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